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O “Sincerão” do “BBB 25” nesta segunda-feira (27) trouxe uma cena que repercutiu bastante nas redes sociais: o corte de Vitória Strada no amigo, Mateus, com quem faz dupla na competição. Os dois tinham apenas um minuto para se defender na dinâmica, mas a atriz monopolizou todo o tempo e não deixou o parceiro complementar a fala em uma das duas vezes que ele tentou contribuir com o discurso. O cronômetro zerou e o arquiteto não conseguiu dizer nada.
Essa não é a primeira vez que Vitória e Mateus têm ruídos de comunicação, justamente, pelas constantes interrupções que um faz ao outro. Mas, afinal, existem explicações para esse tipo de comportamento?
O Purepeople consultou José Yuri de Souza Feijão, psicólogo clínico com foco em psicanálise (CRP 05/68921) e mestrando em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
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O profissional destaca que é difícil tirar conclusões a partir de fragmentos curtos, mas adianta: “Quando falamos sobre a capacidade de manter a comunicação interpessoal não estamos falando somente de um compilado de comportamentos, falamos também sobre dinâmicas familiares, relações culturais, traços de personalidade e em alguns casos, condições patológicas”.
José destaca que o comportamento de monopolizar as conversas pode ser uma característica desenvolvida ainda na infância.
“A princípio, algumas pessoas com o hábito de interromper a fala de outras pessoas com frequência podem ter tido dificuldade na infância de desenvolver a habilidade de escuta ativa, não conseguindo assim desenvolver a capacidade de escutar de forma empática e atenta, e tem dificuldade de se por no lugar do outro”, explicou.
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As interrupções no discurso também podem denunciar traços narcisistas. “Outro ponto interessante é que algumas pessoas utilizam disso para conseguir competir, ainda que inconscientemente, por atenção. Pode-se instalar uma dinâmica social em um grupo onde a disputa por reconhecimento se torna o centro. Algumas pessoas com traço narcisista podem se comportar assim”, completa José.
Em alguns casos mais graves, a incapacidade de compartilhar o discurso pode ser sintoma de algum transtorno. “Podemos compreender a partir de outros formas, como um sintoma aparente em diagnósticos de manifestação ansiosa como o transtorno de ansiedade social, onde a tensão da relação social pode tender ao descompasso da fala. O famoso TDAH [Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade], onde a falta de atenção somada à hiperatividade podem ocasionar a impulsividade e a desregulação emocional ou diagnósticos mais complexos, como o do autismo”, apontou.
Por fim, o psicólogo destaca que todo os casos devem ser tratados individualmente e alerta para a necessidade de procurar um especialista: “É claro que um comportamento isolado não deveria condenar uma pessoa e que, para que alguns desses exemplos seja visto em prática, é necessário um conjunto de outros comportamentos. Contudo, eles nos servem de alerta. Procure um especialista para que essas questões sejam reguladas de forma consciente”.